Notícia e foto jornal Público
António de Almeida, presidente do conselho de administração da Fundação EDP, morreu na madrugada deste sábado, vítima de cancro. Tinha 78 anos e estava à frente da fundação desde 2012.
“António de Almeida dedicou boa parte da sua vida à EDP: foi presidente executivo da empresa, do conselho geral e de supervisão e, finalmente da Fundação EDP. Em todos estes cargos deixou uma marca de exigência, frontalidade e rigor. Tinha um espírito analítico, uma inteligência sibilina e um sentido de humor único e particularmente incisivo. Até ao fim, apesar da luta constante que travou com a doença, trabalhou incansavelmente, desafiando-nos sempre a pensar nas melhores escolha para a Fundação EDP”, descreveu Miguel Coutinho, administrador e director executivo da Fundação EDP no site da instituição.
Nascido em 1937, o gestor licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto em 1961. Começou a carreira profissional em Moçambique, como técnico dos serviços de Planeamento de Moçambique (entre 1963 e 1965). Foi neste país que conheceu o histórico dirigente socialista, Almeida Santos, de quem ficou amigo. Depois de ocupar outras funções em Moçambique, chegou a vice-presidente do Instituto de Crédito de Moçambique, cargo que ocupava quando se deu o 25 de Abril. Quando regressou a Portugal, logo em 1974, foi nomeado presidente do Banco de Angola (ficando no cargo até 1978) e administrador não executivo do The Bank of Lisbon and South Africa (1974 a 1988).
Em 1978, marca a sua estreia como governante, ao assumir funções de secretário de Estado do Tesouro no IV Governo Constitucional (era Jacinto Nunes ministro das Finanças e do Plano), cargo que ocupou até 1980 e, novamente, de 1983 a 1985.
A sua longa carreira foi marcada pelas ligações à área financeira, mas também à EDP. Depois de ter ocupado o cargo de presidente da União de Bancos Portugueses (UBP), o gestor, que foi ainda consultor do Banco de Portugal, ocupou a presidência da EDP entre 1996 e 1998. Foi durante o seu mandato que a empresa eléctrica avançou para a primeira operação de dispersão de acções em bolsa, em 1997, marcando o início da saída do Estado do capital da EDP. Depois de sair da liderança da empresa eléctrica, afastado pelo então ministro da Economia, Pina Moura, António de Almeida foi administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), função que assumiu entre 1998 e 2004.
Acabaria por voltar à EDP em 2006, mas desta vez como presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, ficando a presidência executiva a cargo de António Mexia. Depois, com as mudanças na empresa (a chinesa CTG é o hoje o maior accionista) e a entrada de Eduardo Catroga para o seu lugar, António de Almeida passou então para a presidência do conselho de administração da Fundação EDP.
Numa nota enviada às redacções, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, destacou a sua "grande abertura e sensibilidade para os assuntos culturais tendo desenvolvido um importante trabalho em prol do investimento na cultura em Portugal".
Enquanto Presidente do Conselho de Administração da Fundação EDP, a quem o Governo de Portugal atribuiu no dia 28 de Julho do presente ano a Medalha de Mérito Cultural, António de Almeida deixa um importante legado à cultura portuguesa, seja pelo impulso que deu à concretização do projecto do Centro de Arte e Tecnologia da Fundação EDP, seja pelo papel relevante que exerceu ao nível da dinamização da produção artística e cultural em Portugal, nomeadamente da Companhia Nacional de Bailado, da qual a Fundação EDP é mecenas", afirmou o governante.
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