sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Comunicado Asosi: E o acordo aqui tão perto!...

Queremos que a empresa subscreva o Protocolo, desta nova negociação conforme acordo da maioria dos Sindicatos (no tempo de 8 dias para todas as coisas!...). 
Uma alteração que a EDP na negociação do ACT2014 sempre sugeriu. O peso da burocracia e a incerteza das informações, que eram pedidas no anterior sistema, foi sempre um dos argumentos da empresa, que com alguma informalidade falava em proposta mais vantajosa para os trabalhadores. Oportunidade desaproveitada!... 
A ASOSI sempre preferiu a mudança de paradigma nesta matéria negocial e por isso a introdução da cláusula 110ª veio permitir esta discussão, embora tardia, e que lamentamos que uns ainda estejam agarrados ao passado, sabendo que a cláusula 108ª do ACT excluía quase 50% dos trabalhadores deste subsídio. 
Valores propostos pela empresa com majoração de 10% no 2º filho e seguintes:

Comunicado Sindel: SUBSÍDIO DE ESTUDO A DESCENDENTES 45% DOS TRABALHADORES FICAM DE FORA…

Enquanto no Auditório da nova sede decorria uma conferência sobre o país do maior acionista da empresa, tinha lugar (numa sala de reuniões em que não cabem, em condições de conforto, todos os elementos que compõem as comissões dos vários sindicatos) mais uma reunião plenária para negociação do subsídio de estudo para descendentes.
Foi ontem, dia 26 de outubro de 2016, um dia que para nós fica na História (e que triste História): a EDP, claramente imbuída já do espírito do centralismo
maoísta, tomou a posição surpreendente de apresentar uma proposta final (não muito diferente da sua proposta anterior, já rejeitada pelo SINDEL) e declarar que a negociação não só não passava deste dia como, se os Sindicatos não aceitassem a sua proposta, a Empresa aplicaria por ato de gestão o que está no
ACT, mesmo com o reconhecido texto indevidamente publicado e incompleto! O que, na prática, retira a 45% dos trabalhadores elegíveis o direito ao benefício contratual do Subsídio de Estudo.
OBVIAMENTE QUE O SINDEL REJEITOU esta posição unilateral da EDP! Porque é injusta; e porque não houve um único associado do SINDEL que nos transmitisse uma opinião positiva sobre esta proposta!
O que se passou nesta reunião não é para esquecer mas é indigno de ser relatado. No entanto – e já que o clima está alterado – abramos uma exceção e contrariemos os nossos princípios.
Para vos dizer, caros associados, da arrogância e prepotência; do desprezo pelas posições e pelas intervenções dos representantes dos trabalhadores – que mais não fazem do que veicular a opinião destes;
da imposição pura e simples de condições; da clara manifestação de um repentino ataque de surdez profunda… Um comportamento intolerável, que vai contra todos os modelos que devem nortear o relacionamento entre uma empresa e os seus trabalhadores!
Perante isto, a delegação do SINDEL levantou-se. Mas ainda ficou na sala o tempo necessário para confirmar que – após uma hora de silêncios e discórdias – o que nesse preciso momento se iniciava era mesmo o sinal de que os “ventos de mudança” sopram arrasadores. As voltas que a vida (e a postura nela) dá…
Ao que julgamos saber a maioria dos restantes sindicatos presentes deu o acordo à proposta da EDP.

Comunicado Fiequimetal: ADMINISTRAÇÃO FOGE A ACORDO COM OS TRABALHADORES

"Na reunião plenária realizada dia 26/10/2016, para a negociação do subsídio de estudo a descendentes de trabalhadores e reformados, a CN/EDP voltou a esconder‐se atrás da posição de que o acordo teria de ser com a totalidade das CNS’s ou não haveria acordo, informando que, nesse caso, a Administração aplicaria, por acto de gestão, as clausulas 109 e 110 do ACT, o que levará ao afastamento de cerca de metade dos 1200 trabalhadores com direito a subsídio. 
A CNS/FIEQUIMETAL questionou a CN/EDP sobre qual era posição da Administração em relação aos dois pontos que tinham ficado pendentes da discussão da sua ultima proposta. Em resposta, a CN/EDP informou que poderia alterar a sua posição, o que fez, passando a majoração para segundo filho e seguintes para 10% (posição anterior da CN/EDP era de apenas 5%) e o limite do último escalão de vencimento para os 2650 €, caso existisse compromisso de que o acordo seria alcançado com todas as partes, o que ainda assim não se verificou, pois uma das CNS presentes entendeu não dar o seu acordo. 
A CNS/Fiequimetal, tendo em conta a aproximação da CN/EDP ao que tínhamos reivindicado, afirmou estar em condições de fechar acordo, por forma a desbloquear esta questão, no sentido de garantir a universalidade do subsídio e o seu pagamento urgente.
Perante a intransigência da CN/EDP, informámos que iremos consultar os trabalhadores e, com eles, tomar as iniciativas que se entendam ajustadas a este processo que consideramos, no mínimo, sinuoso. 
Não aceitamos que pelo simples facto de algumas organizações sindicais decidirem não chegar a acordo devam os trabalhadores ficar lesados, ao mesmo tempo que nos é imposta limitação à nossa autonomia sindical. Responsabilizamos a Administração pelo fracasso deste processo. 
A CN/EDP disse que iria transmitir à Administração da EDP a nossa posição nesta reunião e que nos informaria da sua decisão no prazo máximo de 8 dias".

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O MAAT não é da EDP

Artigo no Jornal Público de Lurdes Ferreira.
"O MAAT, o Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia que a Fundação EDP acaba de inaugurar, resgatou do abandono uma zona ribeirinha de Lisboa de condições excepcionais de enquadramento. Desafia diferentes disciplinas a entenderem-se e é uma oferta cultural e de lazer que excede as melhores expectativas de procura, quer dos portugueses, quer até dos turistas da geração tuc-tuc que andam como formigas à procura do carreiro.

À volta deste museu há um ponto que o distingue de muitos outros equipamentos. A Fundação EDP arrancou entre 2004 e 2005, nesse período áureo de subsídios e decisões políticas favoráveis ao sector da energia, que geraram o bolo de “rendas da energia”, odiado pelos consumidores e perscrutado pela troika. Hoje é a grande obra de responsabilidade social da EDP, a empresa que já foi monopolista e continua a ser a maior do sector da energia. Os tempos de então aconselharam a empresa a apostar numa nova imagem, face à percepção social de que os lucros que anunciava anualmente eram excessivos sem que houvesse contrapartidas óbvias para os consumidores. Fossem elas através da conta de electricidade ou por via de uma redistribuição para a comunidade.

A Fundação vive de três fontes de subsídios, que na verdade são uma mesma (o grupo EDP), e os valores não têm variado muito ao longo dos últimos tempos. Recebeu no ano passado. 13,7 milhões de euros, dos quais 7,2 milhões decididos pelos accionistas na assembleia geral, 3,6 milhões de euros da EDP Produção e os restantes 2,9 milhões da EDP Distribuição.

A receita da EDP que lhe permite alimentar a Fundação tem em grande parte origem num mesmo ponto, mesmo que pareça distante, ou seja, nas tarifas que cada consumidor paga, directa ou indirectamente. Olhando para o circuito do dinheiro será justo dizer que o MAAT não é da EDP. É dos seus clientes directos, que nas suas facturas mensais de electricidade contribuíram para ele. É dos 5,4 milhões de consumidores actuais de electricidade e dos mais de meio milhão no gás em Portugal; é do milhão na electricidade e dos mais 800 mil no gás em Espanha; é ainda dos 3,2 milhões de electricidade no Brasil. E por fim é um bocadinho dos clientes da EDP de países onde esta só na produção. França, Bélgica, Itália, Polónia, Roménia, EUA e Canadá. De uma forma ou de outra, no final deste enredo, está a casa do consumidor, qualquer que seja a fórmula de definição das tarifas que pagam as actividades necessárias até os electrões chegarem ao destino. Deste ponto de vista, o MAAT será de todos nós e a EDP, sua administradora.

Devolver parte dos ganhos, das referidas rendas à comunidade, pode ser construir um museu para os portugueses. Pode ser “levá-lo” a outros países, colocando-o “no mapa do circuito internacional da arte contemporânea”, como prometeu António Mexia, que chegou à presidência da EDP no ano em que a Fundação foi autorizada e, por isso, leva a sua marca.

Na estratégia de imagem, a Fundação é uma face importante da EDP. O relatório de 2015, calculava que a sua presença noticiosa na imprensa equivaleu, nesse ano, a 5,5 milhões de euros de valor publicitário. Agora junta-se o museu, prenunciando que esse valor vai saltar, de forma rentável. O novo equipamento à beira-rio equivale apenas a 0,6% de todo o investimento que a EDP fez nos três anos da sua construção, mas chamou 60 mil pessoas no primeiro dia, obrigou a encerrar uma ponte pedonal por riscos de segurança, a serem assumidos compromissos de construção de uma nova e a ser desenterrada a história mal contada de uma outra que está para nascer desde 2013.

Com estas obras a terminarem em Março de 2017, o MAAT promete que vai manter as entradas gratuitas nos próximos cinco meses. Cabe perguntar se a comunidade não terá direito a dele usufruir livremente para lá dessa data. Sempre."