Este encontro teve dois pontos fundamentais: o da situação da empresa e o outro sobre as questões da saúde..
No que ao primeiro ponto diz respeito, três colegas apresentaram um texto da reflexão e partilha com os presentes e que motivou um debate elevado e interessante.
Passamos a transcrever o texto de reflexão apresentado por Vítor Franco [Santarém], José Tavares Silva [Setúbal] e membros da atual CT e Arnaldo Fialho [Boavista/Lisboa] da SubCT da DRCL:
"Aos Companheiros e Camaradas da CT e sub-CTs
Fazemos parte da CT e das Sub-CTs e percorremos, com
todos e todas, um percurso de membros eleitos. Ouvimos e dialogámos com outros
trabalhadores no sentido de melhor percebermos as suas dúvidas e interrogações.
Assim, partilhamos com todos algumas notas de reflexão:
A EDP Distribuição, e o Grupo onde nos inserimos, vive um
quadro em que a eletricidade e o gás são apenas um produto, quase, como
qualquer outro. O Grupo rege-se por regras de mercado e financeiras, submetido
à especulação e decisão acionista, ao poder político neoliberal - em que a ERSE
desempenha um papel ativo e tem um vasto conjunto de receitas garantidas
através de contratos do tipo “garantia de potência” e “défice tarifário” em
grande parte já vendido no mercado financeiro. A liberalização do mercado teve
algum impacto no Grupo, ainda que a EDP possua uma produção, distribuição e
comercialização próprias.
A Distribuição beneficia de ter a sua atividade regulada
e remunerada através da imputação de custos na tarifa, e uma implantação e um
conhecimento do território nacional. O valor do património construído, os
adiantamentos de pagamentos de concessões às câmaras municipais, os acordos de
renovação para iluminação pública de baixo consumo, os encargos sociais com os
trabalhadores ativos e reformados, a “estreita relação” das administrações com
os “partidos chamados do arco do poder” e presidências das câmaras municipais
garantem [estamos em crer] renovações de concessões na distribuição sem
sobressaltos de maior.
Tudo isto é acompanhado de uma permanente imposição
ideológica que “ilude” as mentes dos trabalhadores e acrescenta fatores de
divisão e individualismo. A nós, trabalhadores, cabe-nos “agradecer a graça
recebida”, ser obedientes e não interrogativos.
Então, qual o papel das organizações dos trabalhadores?
Os últimos 4 anos mostraram a importância das organizações
de trabalhadores vivas, atuantes e dialogantes. A revisão do ACT ficou manchada
com algumas perdas de direitos e institucionalizou uma divisão entre
trabalhadores mais velhos e os mais novos, os que já tinham ACT e mútua de
saúde e os que ainda não tinham e não passaram a ter. Por imposição da Empresa
foram, inexplicavelmente”, criadas BRs abaixo das que já existiam para novos trabalhadores,
a progressão na carreira tornou-se totalmente dependente da avaliação, aumentou
a comparticipação na saúde – quando a Sãvida apresenta, consistentemente -,
lucros superiores a 3 milhões de euros…
Esta revisão do ACT validou a preocupação fundamental
anteriormente expressa pelo movimento “Defender os Direitos e a Estabilidade na
EDP” que se acentuou na diminuta participação democrática dos trabalhadores na
tomada de decisões.
Tem muito significado o facto de os sindicatos terem
ignorado o abaixo-assinado subscrito por 1.250 trabalhadores para que o ACT
fosse votado e houvesse um profundo esclarecimento do mesmo junto dos
trabalhadores.
Tem muito significado o facto da atual CT da EDP
Distribuição apenas ter feito um único plenário de trabalhadores em 4 anos.
Tem muito significado os trabalhadores desconhecerem,
quase por completo, o que se passa nas reuniões entre a Coordenadora das CTs do
Grupo e o Conselho de Administração Executivo.
Na nossa opinião a CT Nacional não é concorrente dos
sindicatos, mas tem de ser, obrigatoriamente, complementar.
Deve trabalhar pela dinamização da participação dos
trabalhadores, pelo diálogo e pela “construção de pontes” nos locais de
trabalho e levar esse sentimento às comissões negociadoras sindicais para que o
possam ter em conta.
A realização de 3 plenários de CTs do Grupo, convidando
as Comissões Negociadoras Sindicais, que aliás defendíamos, foi positiva mas
muito insuficiente.
As nossas preocupações têm ainda mais significado pelo
facto de muitos trabalhadores irem, nos próximos tempos, passar à situação de pré-reforma
– incluindo muitos ativistas e membros da CT e subCTs. Há toda uma geração de
trabalhadores desta Casa que garantiu, melhor ou pior, a vida dos Organismos Representativos
dos Trabalhadores que está a sair e é preciso garantir a continuidade e a
vitalidade da luta pelos direitos dos trabalhadores na EDP.
Quando o Representante da Empresa, destacado pela
administração, para fazer os seus plenários de “esclarecimento do ACT” disse:
“agora perderam-se estes direitos, mas na próxima revisão do ACT vão-se perder
mais”, os sinos tocaram a rebate anunciando o “combate” futuro!
É preciso enfrentar este desafio. Por nós continuaremos
na luta para “Defender os direitos e a estabilidade na EDP”. Com mais democracia e participação dos
trabalhadores!
Arnaldo
Fialho, José Tavares, Vítor Franco
Brevemente daremos mais
notícias! "
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