quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Governo diz que grupo chinês cumpriu todos os compromissos na EDP

"Dias depois da resposta das Finanças, Jorge Moreira da Silva lembrou dificuldades da China Three Gorges em instalar fábrica em Portugal
Afinal a China Three Gorges, accionista chinês da EDP, cumpriu tudo o que estava previsto no quadro da privatização da empresa. A garantia foi dada ao parlamento pelo Ministério das Finanças, respondendo a uma pergunta sobre o atraso na instalação de uma fábrica de geradores em Portugal.
"O governo assegura o integral cumprimento da execução dos contratos celebrados no âmbito deste processo de reprivatização, bem como dos compromissos estratégicos assumidos pela China Three Gorges", responde o Ministério das Finanças a uma pergunta da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua. A resposta, com data de 1 de Outubro, contrasta contudo com os argumentos usados pelo ministro do Ambiente e Energia três dias depois.
Questionado sobre a reacção dos accionistas estrangeiros da EDP à nova taxa sobre a produção de electricidade e cortes adicionais no sector, Jorge Moreira da Silva lembrou as dificuldades sentidas pelos novos accionistas na aplicação das condições previstas na privatização. O governante sublinhou a "compreensão" do governo português com essas dificuldades, apelando também à "compreensão" dos investidores para as medidas na área da energia, numa altura em que são pedidos esforços aos portugueses. Mas a reacção da China Three Gorges, grupo que comprou 21,35% da EDP em 2011, não foi particularmente compreensiva.
Numa carta enviada ao vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, o grupo estatal chinês qualificou de "desagradável surpresa" as notícias de uma taxa sobre a electricidade. O protesto, recebido na segunda-feira à tarde, diz que a medida, que vale 100 milhões de euros, pode afectar o valor e os resultados da EDP, realçando ainda que contraria garantias dadas no passado quanto à estabilidade do quadro regulatório da economia do sector eléctrico. A China Three Gorges mostra abertura para negociar uma solução que preserve o valor da EDP e permita continuar a desenvolver o processo de cooperação entre as empresas e os dois países.
Antes do aviso, a empresa tinha enumerado vantagens e sucessos da parceria que resultou da compra da EDP. Estes sucessos correspondem à ideia transmitida pelo Ministério das Finanças. A resposta ao parlamento sublinha o maior mérito da proposta da China Three Gorges em relação às outras propostas, em particular pelo maior preço - 2700 milhões de euros -, mas também devido ao "suporte financeiro significativo para o desenvolvimento e o crescimento das actividades da EDP nos mercados nacional e internacional e a uma forte contribuição para o esforço da capacidade económico-financeira da empresa e consequentemente da economia portuguesa". As Finanças, então lideradas por Vítor Gaspar, puseram o sucesso da venda da EDP à frente do corte das rendas de energia, situação que agora o governo tem de rever.
Mariana Mortágua questionou o governo sobre o atraso na construção de uma fábrica de geradores e a criação de um centro de investigação de energias renováveis. O projecto industrial aguarda condições de mercado para avançar, explicou já ao executivo a China Three Gorges."

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