terça-feira, 23 de abril de 2013

EDP: Cortes nas eólicas em Espanha têm mais impacto que medidas da troika em Portugal


Notícia "Dinheiro Vivo":
Os cortes que o governo espanhol tem vindo a aplicar na produção de energia e nas renováveis vai ter mais impacto nas contas da EDP do que os cortes feitos em Portugal no âmbito do acordo com a troika. O CEO da EDP apenas refere o fim da garantia de potência em Portugal como mais penalizador que os impostos aplicados em Espanha.
"O impacto é suficientemente grande. E é maior que em Portugal, quanto mais não seja porque temos mais eólicas em Espanha. É o segundo país onde temos mais renováveis a seguir aos EUA", disse o presidente executivo da EDP, António Mexia, num encontro com jornalistas em Bilbau, por ocasião da inauguração da nova sede. A EDP tem 2.300 MW eólicos em Espanha e 600 MW em Portugal. 
Aliás, segundo Mexia, que se escusou a precisar as consequências destes cortes no EBITDA, "o impacto da redução da procura chega mesmo a ser menor que as alterações legislativas" impostas pelo Governo espanhol, principalmente a mais recente que baixa a tarifa paga às renováveis, mesmo aos projetos já em operação, e que a EDP considera ilegal.
"Não concordamos que, nas renováveis, se alterem as regras a meio do jogo. O que faz sentido para nós é limitar estas medidas no tempo. Pode haver uma extensão no regime eólico. Isto é que é eficaz e justo, porque as renováveis são dos poucos investimentos que têm impacto no preço da eletricidade", disse Mexia.
É por isso que a EDP está já em conversações com o Governo espanhol e apesar de Mexia considerar que existe abertura, não coloca de parte a possibilidade de uma ação legal. Ainda assim, comenta, "como somos de base não espanhola temos mais capacidade de pressão".
A preocupação da EDP com estes cortes não é vão. "O negócio em Espanha representa 17% do EBITDA e as Renováveis pesam 18%, ou seja, 25%. Quase mil milhões do EBITDA vem de Espanha", repara Mexia, acrescentando que é lá que a empresa têm também um forte negócio de comercialização de eletricidade e gás natural, contando já com dois milhões de clientes, dos quais 65% estão no mercado livre e 55% são duais, ou seja, têm luz e gás na mesma conta.
Em Espanha têm ainda perto de dois mil trabalhadores, já contando com as Renováveis, 5% de toda a geração de energia e 10% das eólicas do país.
De acordo com o administrador da EDP com o pelouro da comercialização, não existe um objetivo de crescer em número de clientes em Espanha, mas mais de manter e melhorar a qualidade do serviço que prestam para fidelizar mais os consumidores, principalmente os empresariais onde abastecem 20 TW. Além disso, têm vindo a angariar clientes fora das zonas históricas - neste caso, as Astúrias e o País Basco - estando já a operar em Madrid e a entrar em Barcelona.

 O Governo espanhol tem feito vários  cortes nas remunerações dos investimentos em renováveis, o último dos quais a EDO considera ilegal

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